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Fábio e Verônica, Verônica e Fábio. Um escritor e uma musicista, pelo menos aspirantes a isso rsrs! Amantes das letras, dos sons e de tudo que é arte! Amigos acima de tudo! Fizemos esse cantinho para dividir nossas idéias e ideais aos olhos da Net!

sábado, 5 de setembro de 2009

Dica de livro - O REI DO ROCK

Sem muitas palavras, mestre é mestre e fim de papo. De uma coleção de obras excelentes, Luis Fernando Veríssimo já caíu a muito tempo no gosto dos que procuram uma literatura pra lá de culta e engraçadíssima. Este é um dos livros dele e para variar é ótimo. Ele é composto por 41 crônicas, com 145 páginas e boas risadas. Vale muito apena. Aí vai uma pedaço de uma crônica:

Relações Públicas


Desconfio que os historiadores – ou arqueólogos – do futuro (se houver um futuro) falarão de nós como a Era das Relações Públicas. Esta terá sido a época em que o que importava não era você, era a sua imagem. O sucesso não era uma vitória do talento, da virtude ou da perseverança, mas um triunfo de marketing (pronunciava-se marquetchim) e de bons contatos. E nenhum crime – salvo, talvez, a matança de pombos – era tão hediondo que não pudesse ser recuperado com uma boa campanha promocional.

Relações Públicas é uma especialização recente. Não existia, por exemplo, na época de Herodes. E por uma questão de justiça histórica um vilão como Herodes deveria beneficiar-se das modernas técnicas de Relações Públicas, numa espécie de limpeza retroativa no escritório de RP encarregado da conta Herodes.

“De: Departamento de Pesquisa e Planejamento

Para: todos os departamentos

Assunto: Operação Rei das Creches

Imagem negativa do Cliente se deve a boatos, nunca documentados, de que teria ordenado o massacre de todas as crianças do sexo masculino nascidas na Judéia em determinada época. Os boatos se sacramentaram pelo uso repetido. Descendentes do Cliente querem reabilitar seu nome e, se possível, acionar, por calúnia e difamação, os editores da Bíblia. Nossa estratégia deve ser cautelosa, pois o assunto tem conotações religiosas delicadas. Devemos atacar em uma destas três frentes, ou nas três simultaneamente, quando possível:

“1) Questionar a veracidade do relato bíblico. A Bíblia, como se sabe, tem sido muito criticada ultimamente pela sua imprecisão histórica e lapsos jornalísticos. Ninguém duvida, por exemplo, que as águas do mar Vermelho se abriram, mas a Bíblia não revela como as tribos de Israel passaram pelo fundo do mar sem atolar na lama. Podemos encomendar alguns artigos sobre incongruências na Bíblia. “Se só os animais que estavam na Arca de Noé não morreram no dilúvio, como foi que os peixes sobreviveram?”

Coisas assim. Prepararíamos o terreno para a revelação de que Herodes apenas mandara fazer uma circuncisão em massa dos recém-nascidos e não tinha culpa se a faca escapara.”

“2) Aceitar o massacre mas insinuar que ele não fora, necessariamente, uma coisa ruim. Artigo no Reader’s Digest: Genocídio: prós e contras. Ressaltar que Herodes só mandara matar meninos e procurar a simpatia de grupos feministas.

“3) Vender a idéia de que Herodes mandara matar, sim, mas se arrependera logo depois e adotara várias crianças da região. Todas meninas, claro. Propor a criação de uma rede internacional de Creches Herodes.”

(continua...)


Luis Fernando Veríssimo e Verônica Elias | 2006

Agradecimento a Verônica Elias pela sua contribuição. Nota expressa sua opinião. (Escrito em 05/09/2009).

5 comentários:

Alysson disse...

Adoro o humor inteligente e irônico dele! As coleções de crônicas são as melhores... *-*

Bjão!

D.J. Dicks disse...

deve ser gostoso esse livro

@JayWaider disse...

Amigos,
Legal isso ein? Obirgado pela dica. O Luis é cult todo. Se a gente quer desestressar e dar umas boas gargalhadas basta uma boa crônica dele, não verdade?
Bju nosso.
Jay

Beto Canales disse...

Concordo!

@JayWaider disse...

Mininos vc devem ser bem ocupadinhos huahuahua
Como andam tudo bem?
Bju nosso

Desarranjo Sintético

Desarranjo Sintético
"Era um grande nome — ora que dúvida! Uma verdadeira glória. Um dia adoeceu, morreu, virou rua... E continuaram a pisar em cima dele." Mario Quintana